sexta-feira, 17 de abril de 2009

Controle aversivo

O tema dessa semana nas aulas de aprendizagem foi controle aversivo do comportamento, ou seja, controle por Reforço Negativo e por Punições, e algumas coisas interessantes foram levantadas na aula.

Primeiro, algumas definições:

Reforço Positivo: Reforço é sempre uma consequência de um comportamento que resulta no aumento de sua probabilidade de ocorrência. No caso do Reforço positivo, esse aumento na probabilidade de ocorrência do comportamento ocorre divido a adição de um estímulo reforçador. Exemplo clássico é quando damos um petisco a um cachorro apos ele executar um comando.

Reforço Negativo: O reforço negativo também é uma conseqüência do comportamento que resulta em um aumento da sua probabilidade de ocorrência, só que dessa vez esse aumento decore da retirada de um estímulo aversivo. Por exemplo, um cão sendo ensinado a sentar pelo método tradicional (medieval), tem o enforcador puxado para cima e sua garupa pressionada para baixo. Ao sentar, ambas as pressões são aliviadas, então o cão aprende que sentando ele evita esses estímulos aversivos. Isso é reforço negativo.

Punição Positiva: Toda punição gera uma diminuição da probabilidade de ocorrência de um comportamento. No caso da punição positiva, isso ocorre devido à adição de um estimulo aversivo ao meio. Por exemplo, ao borrifar água no focinho de um cachorro quando ele late, você está aplicando uma punição positiva.

Punição Negativa: Também é um processo que diminui a probabilidade de ocorrência de um comportamento, mas dessa vez isso decore da retirada de um estímulo reforçador. Por exemplo, se você tem um cão que é super protetor ao dono, toda vez que esse cão late ou rosna para alguma pessoa, ele é retirado do ambiente, ficando privado da presença do dono.

Uma coisa interessante que foi levantada nas nossas aulas foram os efeitos colaterais do controle aversivo do comportamento (Ou seja, da utilização de Punições e de Reforço Negativo).
Alguns efeitos colaterais relevantes para o caso de cães:

1. Eliciaçao de respostas emocionais
Esse é o mais importante. O uso de aversivo, como trancos, tapas, sustos, pode gerar respostas emocionais de medo ou angústia no cachorro. Duas conseqüências importantes dessa resposta emocional: O cão não consegue responder de forma adequada ao estímulo aversivo, então ele acaba não aprendendo. Ou seja, clássico caso do cão que fica com tanto medo que fica paralisado. Segundo, o agente punidor (No nosso caso, o treinador) passa a eliciar respostas emocionais semelhantes às geradas pelo estímulo aversivo. Ou seja, o cão começa a ter medo do treinador.

2. Ocorrência de contracontrole
Contracontrole é uma forma do agente controlado (o cão) evitar o controle do agente controlador (treinador), ou seja, evitar o estímulo aversivo sem realizar a ação pretendida pelo agente controlador. Em outras palavras, para nosso interesse, o cão pode te morder ou fugir.
Nada bom.

3. Supressão de outros comportamentos alem do punido
Muito relevante para mim, que gosto dos meus cachorros espertos, alegres, vivos e interacionistas com o ambiente. Punição é inibitório. Comportamentos que ocorreram temporalmente próximos ao comportamento punido podem ter sua probabilidade de ocorrência diminuída devido a punição. Vamos supor que em um treino de agility você puna sem cão por não parar na zona de contato ao final da passarela. Ótimo, mas você também pode estar afetando tudo que ele fez antes, inclusive passar correndo que nem um jato na mesma, escolher ela ao túnel que estava do lado ou aquela curva fechada lindíssima que ele fez para chegar nela.

Agora, a parte mais interessante da aula, que é aonde quero chegar é por que diabos, afinal, utilizamos tanta controle aversivo?

Um dos motivos relevantes para nós, treinadores, é que a utilização de estímulos aversivos não depende de privação. Para que um cachorro se interesse por um petisco ele tem que estar com fome, para que ele se interesse por um brinquedo ele não pode ter contato com esse brinquedo sempre que bem entender. Um tranco, tapa ou borrifo de água sempre terá efeito aversivo, não importa se o cão está com fome ou não.

Mas um das explicações mais relevantes que vi na aula é que utilizar punição é recompensador para o agente punidor.

Sim.

Seu cachorro está latindo, certo? Você não gosta de latidos de cachorro, logo o latido dele é um estímulo aversivo para você. Você joga água na cara dele, e ele para de latir! O que acontece em relação ao seu comportamento de borrifar água na cara dele? Esse comportamento foi Reforçado negativamente, pois ocorreu a retirada de um estímulo aversivo, logo a probabilidade da ocorrência desse comportamento aumenta.
Isso é lindo.

Até mesmo quando estamos ensinando somos meras vítimas das leis da aprendizagem.

5 comentários:

Unknown disse...

ou seja, "Aquele cão treinou muito bem o dono dele" ...

Marina disse...

ahahaha muito irônico isso... mas é assim mesmo....
bem, gostei muito do seu blog, li somente esse ultimo post, mas vou voltar pra ler os outros mais tarde!!!

Vou colocar seu blog como favorito no meu, que acabamos de criar essa semana...

Bal3K disse...

Incrível o seu blog. Adorei o post sobre controle aversivo. Virei fã!

Elaine Gaspareto disse...

Olá!
Encontrei seu blog e decidi parar para conhecer melhor.
Tenho 7 vira-latas e são meus bebês lindos.
Como não se encantar com essas carinhas, né?
Beijos e bom domingo.
Fique com Deus.

Skinner disse...

O comportamento de jogar água no cachorro para evitar seu latido é uma punição positiva, onde é acrescentado um estímulo aversivo (água) para diminuir a probabilidade de um comportamento ocorrer (latido).