quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Agility Brasileiro, um esporte para todos?

Esse final de ano foi especialmente legal para nós aqui de Brasília, pois tivemos o prazer de receber o Dante, que ficou conosco durante uma semana inteira, dando aulas, treinando a gente e, tão importante quanto, batendo papo.

Em um desses papos não poderia deixar de ser sobre as diferenças entre o Agility daqui e o agility canadense. E é claro que começou com a gente falando sobre a quantidade de categorias de altura, que a FCI, que infelizmente seguimos a risca, tem a atitude pré-histórica de se manter com apenas 3.

O Dante explicou que nos estados Unidos e Canadá, eles tem o esquema de "prefered class", onde o dono pode por optar por colocar um cachorro para competir em uma categoria de altura abaixo da oficial. Esses cães competem somente entre outros cães dessa categoria, nunca com os cães da categoria oficial.
Dessa forma, um cachorro que tenha o tipo físico mais pesado, como alguns goldens, pode saltar uma altura que é mais justa para com a sua saúde, assim como um cachorro que acabou de se recuperar de alguma lesão física pode competir primeiro em uma altura mais baixa pra só depois, quando estiver completamente recuperado sua capacidade física, voltar a competir na sua categoria normal.
Ele também explicou que lá os cães standards saltam 22" (55cm) e apenas por opção do dono que os cães standards passam a competir na categoria de 26" (65cm), que é a altura do standards da FCI. O Dante comentou que lá a categoria mais competitiva é a de 22", pois os cães possuem bem mais velocidade saltando mais baixo.
Outra coisa interessante que ele disse que acontece são as chamadas double drop, um cachoro, por exemplo, um BC, que seja muito pequeno pode competir na prefered class sua vida inteira, saltando mais baixo, e quando esse cachorro atinge a idade de veterano, ele pode baixar ainda mais uma categoria de altura, então esse BC pode competir numa altura mini e curtir a sua velhice fazendo agility de forma saudável e segura.

Com tantas opções para tornar o Agility não só mais seguro como mais abrangente, vejo como ainda estamos atrás nesse requisito. O Agility brasileiro é para todos? Ao meu ver, não. Ele é para o border collie, para o pastor de shetland e finito. Tanto é verdade que aqui somos doutrinados a ter um border se não não podemos ser competitivos. É doutrinação, sim. E é claro que é verdade. Não falo nem de uma questão de competitividade, chega de falar de resultado, de tempo, de cachorro curto. Vamos falar do agility como um todo e o fato é que o nosso agility faz propaganda enganosa. Não, ele não é um esporte para todos. O cachorro muito pequeno pra sua categoria ou aquele com um tipo físico diferente tem uma grande desvantagem até em questão de saúde e de durabilidade desse cachorro no esporte. Como pode um westie ou Shih Tzu praticar 10 anos de agility, saltando 35cm, sem que haja prejuízo para sua saúde, para sua coluna, seu cotovelos e seus ombros?

Precisamos acordar para a real perna bamba do nosso agility, que não é termos cães lentos, ou zonas ruins, ou condução segura mas não ousada, mas sim a questão de negligenciarmos por completo essa grande parcelas de cães e donos dispostos a fazer agility, mais impossibilitados por um regulamento que os prejudica.
Podemos ser passivos e esperar que a FCI mude, mesmo tendo a total liberdade de ajustar o nosso regulamento para a nossa realidade. E eu não creio que a FCI irá mudar tão cedo. Com a unica excessão da inclusão do pneu desmontável, todas as mudanças de regulamento feitas por ela no ultimo ano foram técninas e visando o mundial, nenhuma delas tendo em vista a expansão e abrangência do agility.

Assim como a CBA pode optar por ser passiva em relação a esse tema, e esperar mudança primeiro da FCI, toda escola, todo match, toda prova não oficial também pode ser.

Nós da AgilityDF, tendo em vista nossa visão de que o Agility é uma brincadeira, que deve ser divertida, saudável e segura para todos os cães, adotaremos a partir de hoje, em treinos, matches e provinhas da nossa escola, o modelo de 5 categorias de altura, apenas treinando em altura oficial os donos que desejem competir pela CBA.


Essa é nossa resolução de ano novo e nosso presente de natal aos nossos queridos alunos: Um agility realmente para todos.

4 comentários:

Fabiano Estigarribia disse...

Eu acho que o agility é para todos os cães, porque se o cão não for competir oficialmente não tem problema. Na maioria das escolas os saltos tem uns cinco ou seis furos.

Ocorre que a mentalidade das escolas é muito de competição e isso atrapalha. A CBA está ligada a CBKC que está ligada a FCI, por isso esse gesso nas regras.

Uma pena porque vários cães ficam pequenos para suas categorias.

Luíza disse...

Não existe gesso nas regras, tanto que aqui temos a categoria Iniciantes, que não existe no regulamento oficial da FCI, e vários outros paises que seguem a FCI tem suas variações de regras. É uma questão de prioridade, creio eu...

Luciana disse...

Muito legal esse post Luiza.
bjs

Thaís Rodrigues disse...

Morro de orgulho do AgilityDF!! =D

Por essas e outras que temos um agility engessado, sempre com as mesmas pessoas competindo, a falta de estímulo para todos crescerem juntos. Enquanto as escolas brasileiras não perceberem que o nosso agility é feito por nós e não pela CBA, estaremos fadados ao fracasso. Um país desse tamanho e a CBA é dona do negócio? No Canadá existem pelos 5 organizações responsáveis pelo esporte, por exemplo.

Acho que tá mais do que na hora de tirarmos a bunda da cadeira e começarmos a jogar pelas nossas regras. Um esporte com cães que não preza pela saúde e qualidade de vida dos mesmos? Complicado né.